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sábado, maio 18, 2019

Aos pisoteados Este não é o cânone da Revolta dos... Suelen Queiroz

Aos pisoteados Este não é o cânone da Revolta dos Malês amordaçada. Nem as balas de janeiro nem as bombas do Império. Quem fez o ódio extinto e a úlcera fechada? De falsidade acomodada, perecendo em vitupério. A luz da Verdade duvidosa em tempos sombrios Porque a lâmpada do entendimento se esconde Debaixo do Horizonte escravocrata de sonhos tão vazios. O vil interesse e sede inimiga do pérfido dinheiro a tudo obriga, Costa de ouro, marfim e almas aprisionadas. Choraram Olorum, o Rio Volta, África, cativeiro E toda a terra que o oprimido pisou nas Cortes afamadas. O muro da iniquidade anda triunfante, cercaram a Justiça. Diante dos nativos, nas artes bélicas o apito toca Tantos horrores, a disciplina militar, a força da cobiça Do comandante devoto que medos invoca. Em São Salvador, um ódio certo na alma ardia Pacífico Licutã está no cativeiro, rogam resgate. Chamem Luiza Mahin, a Rainha da Bahia, Pai Inácio, Luis Sanim e Calafate. O sonho de liberdade, o grito de socorro na espada Os revoltados inclinam-se para o som da guerra. As mensagens em árabe da quituteira Mahin exalçada Conspiram contra o Reinado de sangue e escravos da terra. O resto vem depois. Pelas fazendas cobiçadas, A obstinação feroz na Pátria gentil, Os 4 dias sem descanso da tropa sem algemas e fardas. O sonho de paz na nação mestiça nunca existiu. O coração de Pai Inácio, velho e pensativo, ferido Derrotado na batalha, a ferro, fogo e chicote ardido Lavradores, pedreiros, sapateiros, alfaiates, barbeiros, Na escravidão urbana, somos todos prisioneiros. "Ao vento leve e a seta bem talhada, derrame O sangue do infiel na terra" disse o padre infame, A cabeça inclinada consentiu O massacre do bando hostil. Tão brandamente as lágrimas do firmamento Como quem o Céu tinha por amigo; Sereno o ar e os tempos de fingimento Sem nuvens, sem receio de perigo. Na costa da Mina, um navio cantava triste cântico Quando o mar, descobrindo, lhe mostrava O cemitério de cativos no Atlântico. Senhor ilustre dos Engenhos De uma terra sem Lei para almas africanas, das armas que trazia, das naus de lenhos. O doce açúcar no amargo de vidas humanas. Nem sou da terra, nem da geração Dos reis de cadáveres da Europa belicosa de mísera sorte e estranha condição.

via @notiun

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