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quarta-feira, julho 20, 2016

Sem nome,

hipofrenias:

Ontem eu te vi. Não sei se foi a cidade que me deixou nostálgica ou se foi o cheiro do sonho da padaria da esquina que impregnou em minhas narinas às 7h da matina. Acontece que te senti aqui, talvez nas vagas redondezas das avenidas em que pisei, você esteve por lá. Não sei se sozinho ou acompanhado de orgulho, ou se igual a mim, acompanhado de saudade. Cá estou eu com uma bagagem imensa de saudade e indiferença. De você herdei ambas, acumulei as roupas sujas como quem queria lavá-las tudo de uma vez, assim ficaria livre a semana inteira. Faria isso com a saudade também, deixaria acumular até transbordar no baldinho da solidão, mas tirei essa sexta-feira para colocar tudo em pratos limpos. Ou devo dizer, tudo em sentimentos limpos. Não sei o que me deu, não sei de nada desde que partiu. Não sei se fiquei bem ou se fingi distração e sorrisos para todas as faces que eu conversei nas últimas semanas. Não faço a menor ideia se fingi sentimentos no último beijo que me roubaram no teatro municipal da minha cidade. Talvez eu quisesse te esquecer nas gavetas da minha cômoda ou nas vielas que ligam a minha rua com a sua. Acontece que eu não sei te esquecer, nem mesmo saberia cuidar de mim sem você. Mas pelo visto você sabe exatamente como fazer isso. E eu que não sou de me surpreender com quase nada, estou realmente surpreendida com a sua incapacidade de amar de verdade.

Não volte.
R.



via @notiun

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