“Não é atoa que a gente nasce chorando. Não é pelo acaso do destino, que ao vir nesse mundo, a única coisa que nossos olhos conseguem fazer é transbordar lágrimas. A vida é mais inteligente do que a gente pensa. Ela nos prepara para o pior porque sabe que a partir daquele momento, a gente assina a nossa sentença e é obrigado a se relacionar com alguém. Mãe. Pai. Amigos. Namorados. Pessoas. Todas vão nos decepcionar desde cedo. E ninguém pode mudar isso. A gente vai ficar triste por querer ver aquele filme de terror ou o programa de televisão que passa depois das 22 horas, mas não podemos porque aquele já é o horário de estar na cama. E a gente chora, mas acaba entendendo porque é para o nosso próprio bem. As nossas lágrimas não deixam de cair quando a gente, ainda sem noção da vida, quer muito uma coisa, esperneia, berra, grita, mas o nosso pai ainda não recebe o suficiente pra isso. E aquele joelho ralado que ganhamos porque subimos numa árvore alta demais brincando de esconde-esconde. E a gente chora de novo porque o Merthiolate não ia arder, mas arde. Tem o melhor amigo que todo mundo faz desde cedo, que cresce junto, brinca junto, briga junto e até dorme junto porque a inocência é mais alto que a malicia de pensar qualquer outra coisa. E corta o coração quando percebemos que outra pessoa está fazendo nosso papel e a amizade já não é mais a mesma. E a gente continua chorando porque a dor da troca é mil vezes mais intensa que qualquer outra dor. Mas de tudo, de todas as decepções que a gente está sujeito a enfrentar nessa vidinha, só uma vai ser mais dolorosa que todas: Quando a gente amar de verdade. E se decepcionar de verdade. Quando a gente entregar nosso coração pra alguém, e não receber nem uma artéria invertebrada em troca. Só isso vai fazer cada veia do nosso corpo doer sem cura. Somente esse choro, o único que vai parecer interminável e sem solução. Porque dessa vez, a gente não vai chorar por ter nascido, e sim porque algo dentro de nós morreu.”
- Pedro Pinheiro.
via @notiun
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