UMA LITURGIA DE CÂNTICO PROFANO: réquiem aos mortos do covid-19 As nuvens negras de um oriente povoaram os céus do País. O invisível covid-19 foi varrendo vidas, anulando sorrisos. Implantou lágrimas, isolamentos, instaurou saudades. UTIs despojadas e reduzidas não evitaram mortes céleres. A ciência esquecida não trouxe o milagre, apenas o antídoto extemporâneo. Sob a égide da tensão e das mortes prenunciadas, A era da comunicação murmura o réquiem aos saudosos. A liturgia na Pátria dos Evangelhos emudeceu-se. As trombetas midiáticas ecoam boletins diários Na sonoridade das estatísticas que banalizam vidas. A voz irônica, deseloquente, no cântico profano do Estado, Ressoa a incoerência estúpida da gestão pública. Os “mi mi mi”, gripezinhas e cloroquinas Não inviabilizam os velórios vazios, Os choros reprimidos e as ausências impreenchíveis. O pânico, a demora, e incertezas se alongam nos dias. A mesma caneta que compra vacina é a mesma do lock down. A sobrevivência grita na curva ampliada do trabalho suspenso. O covid-19 mata sem distinção: operários, políticos e médicos. As diferenças sociais reduziram-se na tábua rasa da isonomia onipotente. Havia uma multidão à esmo, perdida sob a bolha virtual consumista. O individualismo sobrepôs a solidariedade e tolerância. O laboratório família perdeu a mão-dupla para o aprendizado e ensino. O vírus implacável retratou a fragilidade e efêmera existência humanas. A tempestade passará, pois a ordem e equilíbrio são os eixos da marcha
via @notiun
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