“Perdi minhas vontades. E isso refletia em tudo o que eu era obrigada a conviver. Perdi a vontade de dar respostas e se eu respondesse eram palavras curtas, quase nada. Não queria perguntar, porque não valia mais a pena, não valia o meu interesse. Conhecer gente nova era algo que eu não fazia mais questão, não tinha mais o hábito. Não via graça nas coisas mais engraçadas do mundo, muito menos nas pessoas. Todas passaram a ser ridiculamente iguais. Estava vivendo sem querer a vida, sem querer o que a vida oferece a quem quer viver. Não que eu quisesse morrer, mas a vida não estava mais em mim. Então pedi a Deus pra eu não perder a fé no amor, pelo menos, porque eu achava feio o que algumas pessoas faziam: criam em Deus sem amor no coração. Mas tudo o que me restou foi crer, pois meu coração acabara de ser arrancado, despedaçado, moído. Não podia mais sentir o amor, por mais que o recebesse. O que sobrou foi apenas um rastro do que não deu, do que passou e não volta. Porque é isso que acontece quando a gente ama e dá errado: perdemos a vontade de amar. Aí eu lembrei que quando eu tinha 17 anos, acreditei que tive a minha primeira decepção amorosa depois de uma traição e jurei não entregar meu coração para qualquer um, porque achava a dor que eu estava sentindo insuportável, mesmo que no fundo ainda tivesse esperanças de que o próximo amor seria melhor. E não foi. Hoje, sem esperança alguma, nem mesmo no fundo, concluo que insuportável mesmo é ter um coração e viver como se não o tivesse; sentir como se os batimentos cardíacos estivessem mais lentos, fracos. Pela primeira vez me vi morrendo.”
- Sara Ferreira. (via apagou)
via @notiun
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