existe algo misterioso no contorno dos teus quadris que me faz querer ficar. eu gosto de mergulhar nesse silêncio que habita teu diafragma. eu quero morar na inconstância dos teus pés cansados e voar nos teus braços pelo impulso colorido que faz tuas asas pulsarem em direção ao mais bonito azul do céu. há alguma magia que te rodeia, algo que não é terreno, algum tipo de santidade absoluta, de pureza que clareia tudo ao redor. quando eu te olho baby, eu vejo astros girando em torno de você. eu me sinto feito um anel que acaba por só rodear o teu planeta. existe algo no tempo que corre e separa nossos corpos, que borda tuas texturas em mim e eu não tenho como escapar. sou carne, pele e osso, avesso e desavesso de você. você, como uma paisagem do pôr-do-sol pintada no fundo da sala, como a lua refletida na escuridão do mar. tão sereno e manso, tão bonança. e eu, uma imagem clara da loucura de Van Gogh. eu temporal, furacão, ventania que chacoalha as cortinas, arrebenta suas janelas e derruba todos os seus porta-retratos. eu, ansiedade, tormento e inquietação. e ainda assim, de toda a insegurança que me faz querer ser pássaro que nunca pousa, sempre escolho as curvas do teu sorriso pra me aninhar. sou telescópio que esquadrinha tuas minúcias e habita na riqueza infinita que existe entre o teu piscar dos cílios. nos desencontramos e nos perdemos nos ponteiros descoordenados do relógio, que só sabem ferir, mas no final das contas, são as correntezas bruscas de mim, que trazem você de volta para as minhas margens. meu mar turbulento precisa das tuas águas calmas. eu ácida e você alcalino. eu penumbra e você resplandecente. no fim, nós somos o perfeito equilíbrio.
via @notiun
Nenhum comentário:
Postar um comentário