“Sinto os olhos queimarem, e meu peito arder. O mundo anda adquirindo umas tonalidades quentes, ao mesmo tempo que meu corpo congela. O café esfria, o relógio corre, mas o tempo para. Não há mais sentido. Nunca houve. Nunca houve nada mais além de você. Não houve motivos, causas, nem razões; só consequências. Houve eu chorando baixo, engasgado em soluços, abraçado aos meus próprios joelhos para ter algo a me sustentar, já que o chão se abriu rente aos meus pés. Existiu noites em claro, cigarros consumidos, travesseiros inundados. Existiu lágrimas derramadas por um alguém que jurou nunca chorar por uma paixão inacabada, por um amor massacrado, um laço desfeito. Existiu tanta coisa, ao mesmo tempo em que nada existiu. Há algo aqui dentro me desnorteando e tirando meu juízo. O veneno que corre em minhas veias é da cor da tua boca: vermelho.”
- Parimundi
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