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sexta-feira, outubro 03, 2014

"Saudades. Quem não as têm? Você está deitado em sua rede, balançando-se enquanto lá fora chove, com..." October 03, 2014 at 10:55PM

“Saudades. Quem não as têm? Você está deitado em sua rede, balançando-se enquanto lá fora chove, com aquele ar abafado do sertão e as memórias começam a lhe invadir. Você recorda da sua infância, quando em dias chuvosos, altas horas da noite, saía para as calçadas, apenas de calção e ia correndo pelas biqueiras, molhando-se e sentindo aquela água gelada e pura invadir seu corpo. Ou lembra das vezes que brincava de amarelinha na calçada da vizinha rabugenta enquanto ela assistia a novela das sete e também dos momentos que vivia correndo atrás de descolar o amigo, ou de pegá-lo e até mesmo de encontrá-lo em brincadeiras como pique-esconde, cola e pega-pega. Talvez lembre-se dos colegas de classe que pegavam aquelas rãs e jogavam em cima um dos outros, assustando as garotas indefesas. A professora que lhe elogiava por pintar bem a capa das avaliações finais e decorar a barba do papai noel com algodão. Eventualmente, lembra-se do primeiro beijo que deu, enquanto escutava aquela música do Amado Batista, “Amar, amar.”, indo às alturas — seja no volume da música ou no ato do sentir. Ao acaso, vem a primeira aula de inglês do ensino fundamental, onde ouviu “ei, bi, ci, di, i, ef, gi” e se sentia o estrangeiro. A primeira aula de ciências em que lembra a professora falando dos órgãos sexuais, e do modo real como os bebês ganham vida, extinguindo a lenda da cegonha. Você começa a sentir uma nostalgia ao lembrar dos jogos de dominó, de baralho e damas. Ai vem o começo do ensino médio e você começa a ficar mais “maduro” e começa a deixar coisas de lado. Começa a aproveitar o presente. E quando chega o terceiro ano, começa a viver de passado e futuro. Recorda os amigos que fez, as mudanças que sofreu, seja na personalidade ou até mesmo no modo de sonhar. Começa a imaginar como será daqui a cinco, dez, trinta anos e se continuará cercado das mesmas pessoas, se irá relembrar dos momentos que viveu. Se irá rever o grupo de amigos que ficava debaixo da escada, ao qual se sentia parte. Se vai relembrar dos amores que teve, dos professores que lhe deixaram uma lição, seja de casa ou de vida. Enfim, não posso falar do posterior a isto pois estaria imaginando o futuro, e o meu maior medo é o que vem amanhã ou até mesmo na hora, minuto ou segundo seguinte. Eu tenho medo do futuro e saudade do passado. O presente é apenas um elo desses dois, ora foi um, ora será outro.”



- Sou um ser feito de barro, apenas


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